A regularidade das chuvas eleva expectativa de recarga

 

 

Granja. Voltou a chover entre quarta-feira e ontem. Os dados coletados pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) apontam que choveu em 130 municípios, ficando os três maiores volumes acima dos 100 milímetros: Viçosa do Ceará
(127.8mm), Lavras da Mangabeira (102mm) e Tianguá (101mm)

 

Na região da Ibiapaba, no Norte do Estado, as chuvas têm sido cada vez mais comuns,
confirmando os prognósticos da Fundação para o período. Além de Viçosa e Tianguá, Graça (75mm), Ubajara (69mm), Ibiapina (68mm) e Pacujá (67,4mm) também foram marcados pelas fortes precipitações registradas nos últimos dias, assim como tem ocorrido no Litoral Norte, sendo os dois maiores acúmulos nas cidades de Granja (80mm) e Uruoca (69mm).

 

Além de Lavras da Mangabeira, outros nove municípios do Cariri cearense tiveram chuvas acima de 50mm, com destaque para Aurora (87,2mm), Barro (81,2mm) e Juazeiro do Norte (70mm). Segundo o supervisor da Unidade de Tempo e Clima da Funceme, Raul Fritz, a tendência dos próximos dias é que as chuvas sejam mais amplas e distribuídas pelo Estado; intensas, em algumas regiões, e fracas, em outras, mas persistentes.

 

Zona de Convergência

 

“Isso se dá por conta da influência da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal sistema meteorológico atuante na Quadra Chuvosa, que se estende até maio, assim como da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), principalmente no Cariri”, afirma Fritz, e complementa: “a partir da segunda quinzena de fevereiro, espera-se que as precipitações ocorram com maior frequência em todo o Estado”.

 

Ainda segundo Fritz, no primeiro prognóstico das chuvas divulgado pela Fundação, no dia 22 de janeiro, o Norte do Ceará, assim como a região de serras, entre elas o Maciço do Baturité, apresentaram forte propensão a receber chuvas acima da média, como afirmam os modelos e indicadores estudados pelos meteorologistas. Diferentemente da região Sul, onde, de acordo com Fritz, “observamos que a tendência é de chuvas em torno da média, om notada irregularidade. Mas, dentro dos prognósticos para o Norte, conseguimos ver uma tendência de continuidade de chuvas, até o próximo dia 15. Mesmo com essas diferenças, podemos afirmar que já estamos no inverno, no Ceará”, finaliza.

 

Açudes

 

Se as precipitações marcam a chegada da tão esperada Quadra Chuvosa, que dirá as pequenas, mas já observáveis mudanças no volume de alguns açudes, que acendem a esperança de dias melhores para a oferta de água no Ceará para os próximos meses. No
último levantamento feito nessa quinta-feira (8), pelo Portal Hidrológico do Ceará, foi registrado aporte em 47 açudes.

 

Neste período, houve um aumento de 4.377.545 m³ no volume total armazenado. Ainda segundo os dados do Portal, considerando a estimativa do volume evaporado e o volume liberado neste período, pode-se afirmar que houve um aporte de 5.169.295 m³. Um bom
exemplo dessa mudança é o Açude Gangorra, a cerca de 10Km da sede de Granja, no Norte do Estado.

 

Marcado pela forte estiagem dos últimos anos, o açude, que já chegou a apresentar 12% de capacidade, figurou em segundo, na relação dos dez que tiveram alteração com as últimas chuvas. Angicos, em Coreaú; e Itaúna, também em Granja, ficaram em primeiro e terceiro.

 

Lazer

 

O Gangorra deságua no Rio Coreaú, na histórica Barragem Lima Brandão, criada em 1890, e que abastece a cidade. Com as chuvas frequentes que ajudaram a sangrar a barragem, o local voltou a fazer parte do lazer dos granjenses. Para Bartolomeu Almeida, gerente da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos de Sobral, que gerencia os açudes da região, “o momento é de expectativa e cautela, quando se fala em aporte, nesse período.

 

Na região Norte, tivemos caso de algum aporte ou estabilidade. Apesar das chuvas, observamos que alguns açudes não pegam muita água, a exemplo do Carão (Tamboril) e o Farias de Souza (Novas Russas), secos, só para citar a Bacia do Alto Acaraú, assim como o
Araras (Varjota), que mantém sua perenização encerrada, atendendo somente o consumo humano”, diz com preocupação.

 

Enquete

 

O que representa esse aumento no volume?

 

“Nos enche de felicidade. Sou professora no distrito de Sambaíba e sempre passo pela parede do açude para admirar a maravilha que é a subida das águas. Não só a população de Granja, mas toda a região, espera com ansiedade que transborde

 

Cláudia Rocha. Professora

 

 

 

 

 

 

“É a maior felicidade , pois o Gangorra, assim como muitos outros reservatórios no Estado, vinha sofrendo com seus baixos indicadores de volume. Felizmente, de dezembro para esta semana, houve uma mudança, que já chama nossa atenção”

 

Raimundo Pompe. Historiador

 

 

 

 

“Ver esse açude com boa carga já enche a gente de esperança. Todos os dias eu venho pescar tucunaré. Nos últimos dias têm chovido muito, e o peixe ainda é pequeno, mas se continuar assim, as águas se renovam e os peixes maiores voltam”

 

Francisco das Chagas Pontes. Pescador

Diário do Nordeste

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