Policiais disparam contra carro e atingem criança de 10 anos e dois adultos no interior do Ceará

Garoto foi levado a hospital com bala alojada no pescoço e um dos homens feridos perdeu a visão de um dos olhos, segundo a família. De acordo com a PM, os Policiais envolvidos no caso foram afastados e tiveram as armas recolhidas para perícia.

Uma criança de 10 anos e dois adultos foram baleados por agentes da Polícia Militar na cidade de Hidrolândia, no interior do Ceará, na noite desta sexta-feira (9). As vítimas estavam em um carro, que foi atingido pelos tiros disparados pelos agentes. O menino foi levado a uma unidade hospitalar com uma bala alojada no pescoço, enquanto um dos homens perdeu a visão de um dos olhos e o outro foi atingido na região da coluna e da coxa. Os três sobreviveram.

A PM afirma que apura as circunstâncias da perseguição policial que terminou em lesão. Conforme a corporação, o destacamento policial foi acionado para atender uma ocorrência de disparos de armas de fogo feitas por um grupo que estava em um carro escuro.

Após buscas na região, um veículo com as mesmas características repassadas na denúncia foi localizado trafegando com os faróis desligados no Bairro Nova Hidrolândia.

Segundo a polícia, os agentes deram ordem de parada, mas o condutor não obedeceu, então teve início uma perseguição e três ocupantes do carro foram atingidos por arma de fogo. A criança e os dois homens foram socorridos para um hospital da cidade.

Além dos três feridos, no carro também estavam duas mulheres, entre elas uma gestante de gêmeos, que é irmã do garoto. As mulheres não foram atingidas.

Bala no pescoço e perda da visão

De acordo com uma parente das vítimas, que terá a identidade preservada, a criança estava brincando de soltar bombinhas de São João em um campo de futebol. Em determinado momento, dois casais, entre os quais estava a irmã grávida do garoto, foram ao local para buscá-lo em um carro.

Na volta para casa, o veículo onde o grupo estava foi perseguido pela PM, que atirou no carro, ferindo os ocupantes. Um dos baleados, um jovem de 22 anos, foi atingido por tiros na coluna e no joelho, segundo a família.

A outra vítima foi baleada da cabeça e na coxa. Conforme a família, o homem perdeu a visão de um dos olhos, por conta dos disparos.

Já a criança, levou um tiro no pescoço e, até a noite deste sábado (10) estava com a bala ainda alojada na região. O garoto foi transferido para o hospital Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro de Fortaleza.

‘Atirando sem motivo’

Em vídeo gravado na unidade hospitalar, momentos depois do caso, a irmã da criança confronta os dois policiais envolvidos. Ela afirma que os policiais “estavam atirando sem motivo nenhum”, enquanto o agente responde que os ocupantes do carro estavam atirando.

“Que atirando o que, senhor? Atirando sem arma? Chega atirando sem motivo nenhum, machucou a criança, machucou outro aqui”, rebate a irmã da vítima.

O policial acusa o grupo de não ter atendido à abordagem policial, mas a irmã reafirma que não houve abordagem e que os policiais “já chegaram atirando”.

O agente também alega que fez a abordagem com a sirene ligada. A irmã, contudo, reforça que a sirene não estava ligada e não foi feita nenhuma abordagem.

PMs afastados e armas recolhidas

Os PMs envolvidos no caso se apresentaram na Delegacia Regional de Canindé, onde a ocorrência foi registrada pela Polícia Civil. Em seguida, os policiais foram ouvidos pelo comando do Batalhão ao qual são subordinados e tiveram as armas recolhidas para envio a Perícia Forense do Ceará (Pefoce). Os agentes foram afastados das funções até a conclusão do caso.

O governador do Ceará, Camilo Santana, se pronunciou na manhã deste domingo por meio das redes sociais. “Sobre esse lamentável episódio ocorrido em Hidrolândia, com três pessoas baleadas numa ação policial, inclusive uma criança, informo que, de imediato, determinei ao secretário da Segurança e ao comandante da PM rigor absoluto na investigação, bem como à secretária de Proteção Social apoio às vítimas. Foi instaurado inquérito e os policiais afastados imediatamente das ruas. Lamento profundamente o ocorrido”, disse.

Por Lena Sena e Ranniery Melo G1

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