‘Sensacionalismo’, diz suspeita de esquema de desvio de verba

O esquema de lavagem de dinheiro e fraude em entidades previdenciárias, investigado pela Polícia Federal e que resultou na prisão de 23 pessoas no último dia 19, usava mulheres para aliciar prefeitos e convencê-los a aplicar dinheiro em fundos de investimento criado para dar prejuízo, segundo a PF.
A reportagem do Fantástico entrevistou uma das envolvidas, de acordo com as investigações, a administradora de empresas Luciane Hopers. Indiciada por lavagem de dinheiro, corrupção ativa e formação de quadrilha, ela tinha a função de viajar pelo país e tentar convencer pessoalmente os prefeitos a investir nos fundos de pensão em troca de propina.

Luciane nega ter aliciado os prefeitos. “Foi criado um sensacionalismo em cima das meninas que eram contratadas. Realmente, sempre foram quatro meninas que trabalhavam aqui, bonitas e bem apessoadas, mas em nenhum momento foi com o intuito de aliciamento de prefeito, ou porque tinha objetivo de seduzir prefeito e abrir portas com prefeitos”, disse.
Segundo Luciane, a beleza facilitava o contato das meninas com os prefeitos, mas nessas reuniões eram apresentadas apenas as propostas de investimentos financeiros da empresa comandada pelo doleiro preso Fayed Traboulsi.
Ela também nega pagamento de propina. “Não era pagamento de propina algum. O que acontecia era que nós fazíamos intermédio de venda de fundos de investimento e recebíamos a corretagem, mas não recebíamos propina.”
“Mesmo que isso fosse realidade de eu aliciar o prefeito, ele não precisaria assinar. Quem assina são essa pessoas, os gestores. Se eu tivesse que aliciar prefeito, o que ele ia fazer? Colocar revólver na cabeça deles e fazer assinar? Ou ameaçar exonerá-los? São 14 pessoas exoneradas. Ele ia fazer isso por causa de uma loira ou uma morena?”, afirmou.

Luciane nega ter aliciado os prefeitos. “Foi criado um sensacionalismo em cima das meninas que eram contratadas. Realmente, sempre foram quatro meninas que trabalhavam aqui, bonitas e bem apessoadas, mas em nenhum momento foi com o intuito de aliciamento de prefeito, ou porque tinha objetivo de seduzir prefeito e abrir portas com prefeitos”, disse.
Segundo Luciane, a beleza facilitava o contato das meninas com os prefeitos, mas nessas reuniões eram apresentadas apenas as propostas de investimentos financeiros da empresa comandada pelo doleiro preso Fayed Traboulsi.
Ela também nega pagamento de propina. “Não era pagamento de propina algum. O que acontecia era que nós fazíamos intermédio de venda de fundos de investimento e recebíamos a corretagem, mas não recebíamos propina.”
“Mesmo que isso fosse realidade de eu aliciar o prefeito, ele não precisaria assinar. Quem assina são essa pessoas, os gestores. Se eu tivesse que aliciar prefeito, o que ele ia fazer? Colocar revólver na cabeça deles e fazer assinar? Ou ameaçar exonerá-los? São 14 pessoas exoneradas. Ele ia fazer isso por causa de uma loira ou uma morena?”, afirmou.

Lancha apreendida pela Polícia Federal no lago Paranoá, em Brasília, durante a Operação Miquéias (Foto: Divulgação / Polícia Federal)Lancha apreendida pela PF no lago Paranoá,
em Brasília, durante a Operação Miquéias
(Foto: Divulgação / Polícia Federal)

Luciane também disse que nem ela nem as outras mulheres tentavam seduzir os prefeitos. “Só porque sou uma mulher bonita eu sou condenada a ser prostituta? Só porque sou uma mulher bonita eu não tenho capacidade para convencer que um instituto de previdência pode investir em um instituto que seja mais rentável para ele? Este é o preconceito que existe no Brasil?”

“Dentro do meu interrogatório, a delegada mostrou só a escuta minha com alguns envolvidos em mais de 396 escutas. Se tiver alguma que coloque eu como prostituta, cobrando para ir para a cama, ou me oferecendo para ir para cama, combinando algum encontro, que a delegada solte e comprove isso. Eu estou aberta a isso. Vim dar a minha cara para bater porque tenho consciência do que estou falando.”
A Polícia Federal ainda investiga a relação entre Luciane, o doleiro Fayed e os políticos com quem negociavam. A corporação quer saber qual o papel de Luciane e de cada uma das outras mulheres no esquema e afirma que novas prisões não estão descartadas.
O advogado de Fayed Traboulsi disse que as empresas criadas pelo seu cliente seguiam as regras do mercado. Ele é um dos nove indiciados que continuam presos em Brasília.
No último dia 19, a Polícia Federal deflagrou uma operação para cumprir 27 mandados de prisão e 75 de busca e apreensão em dez unidades federativas do país. A ação chamada “Miquéias” ocorreu no DF, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Amazonas e Rondônia.

Lamborghini apreendida pela Polícia Federal durante a operação Miquéias, em Brasília (Foto: Elza Fiúza/ABr)Lamborghini apreendida pela Polícia Federal
durante a operação Miquéias, em Brasília
(Foto: Elza Fiúza/ABr)

Segundo a Polícia Federal, os líderes das duas organizações ficavam no Distrito Federal. Dos 23 presos, 15 foram detidos na capital. De acordo com a PF, dois dos presos são delegados da Polícia Civil do DF e dois são agentes.
Os presos devem responder por gestão fraudulenta, operação desautorizada no mercado de valores mobiliários, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e falsidade ideológica.
Em Brasília, foram apreendidos cinco carros de luxo e uma lancha de R$ 5 milhões, comprados com dinheiro lavado, segundo as investigações.
A investigação começou há um ano e meio, para apurar lavagem de dinheiro por meio da utilização de contas bancárias de empresas de fachada ou fantasmas, abertas em nome de “laranjas”.
A PF disse que detectou a existência de um “verdadeiro serviço de terceirização para lavagem do dinheiro proveniente de crimes diversos”. Nos 18 meses de investigação, a polícia estima que foram sacados mais de R$ 300 milhões das contas dessas empresas. Foram identificadas 30 empresas de fachada.
Nas investigações, a PF também detectou que policiais civis do Distrito Federal eram responsáveis pela proteção da quadrilha. A corporação descobriu ainda que a organização criminosa aliciava prefeitos e gestores de Regimes Próprios de Previdência Social para que eles aplicassem recursos das respectivas entidades previdenciárias em fundos de investimentos com papéis geridos pela quadrilha, o que configurava o desvio dos recursos.
Os prefeitos e gestores dos regimes próprios de previdência eram remunerados com um percentual sobre o valor aplicado. O prejuízo para os fundos de pensão é de R$ 50 milhões, segundo a polícia.

http://g1.globo.com

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