Em uma cena, no mínimo, incomum, os detentos recolhidos na Cadeia Pública de Camocim, a 347 quilômetros de Fortaleza, entregaram 23 armas brancas que guardavam nas celas daquela unidade aos agentes penitenciários. O fato ocorreu após reuniões envolvendo os representantes do Judiciário, da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) e detentos, que ficaram encarregados de convencer os colegas de cela a colaborar. A unidade foi palco do assassinato de um preso por outros sete internos no começo da semana.
A entrega do material ocorreu na noite da última terça-feira (26). De acordo com a Sejus, 23 armas brancas, sendo 14 facas, três facões, cinco ‘cossocos’ e um vergalhão, foram jogadas de dentro das celas para o corredor, onde foram apreendidas pelos agentes penitenciários, que contaram com o apoio da Polícia Militar na apreensão.
Vingança
O clima na unidade prisional estava tenso desde o dia anterior, quando um detento foi assassinado no local. José Lucas Alcântara de Sousa, de 18 anos, foi morto com golpes de faca, segundo a Sejus. Sete internos já foram ouvidos pela Polícia durante a semana e mais dois prestarão depoimento sobre o possível envolvimento no caso.
O crime teria sido motivado por vingança. Sousa dizia ter matado um homem, gerando revolta nos outros presos. A Sejus informou que há indícios ligando a morte ao tráfico de drogas.
As autoridades descobriram, então, após o assassinato de Sousa, que os detentos tinham diversas armas escondidas nas celas daquela unidade carcerária. Havia o temor de novos crimes graves serem cometidos dentro dos muros da cadeia pública.
Segundo a Secretaria da Justiça e Cidadania, para evitar ainda uma possível rebelião dos internos de Camocim, uma ação foi planejada e acompanhada pela Coordenadoria do Sistema Penal (Cosipe).
Segundo informou a Pasta, uma reunião foi realizada, contando com os agentes e o administrador da cadeia pública municipal, juízes e promotores da região, além de um representante da própria Sejus. Os presos mais antigos de cada cela da unidade também foram convocados para o encontro, que visava obter um acordo.
Conforme o relato dos agentes penitenciários, esses presos foram orientados pelas autoridades na reunião que repassassem para os demais detentos o pedido para que eles colaborassem e entregassem as armas que escondiam na unidade, sob o risco de punições e sanções disciplinares. Na noite de terça, quando os responsáveis pela cadeia pediram o material ilícito aos detentos, as armas começaram a ser jogadas das celas.
CPPL
Na última semana, outra morte em presídio, causada pela entrada de produtos proibidos nas unidades, também chamou a atenção das autoridades e está sendo investigada pela Polícia.
Alex Pinto de Sousa, que respondia por homicídio, morreu de overdose na Casa de Privação Provisória de Liberdade Agente Elias Alves da Silva (CPPL IV), em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Em nota, a Sejus afirmou que “está investigando o caso dentro da unidade prisional e tomará as providências cabíveis”. A morte de Alex foi filmada com aparelho celular pelos outros internos e divulgada em redes sociais.
Morte na unidade
7 Presos já prestaram depoimento e outros dois ainda serão ouvidos, suspeitos de participação no assassinato do detento, na segunda-feira (25).
Informações DN