O namoro já durava mais de um ano e, nesta semana, veio a proposta de casamento: o Ceará quer, de verdade, o Centro de Treinamento Esportivo do Nordeste, o Ceten. Em reunião com os proprietários do local, a diretoria alvinegra elaborou uma proposta de compra que teria atraído o seu interesse. A proposta vem tempos depois de clube e CT chegarem a um acordo e fracassarem. Segundo o diretor de Comunicação do Alvinegro, Marcos Medina, quando o Ceará disputava a Série A, em 2011, a aquisição foi acordada, mas teve que ser adiada devido ao rebaixamento à segunda divisão. Agora, sem a corda das dívidas trabalhistas no pescoço, o clube já não precisa da Série A para viabilizar o segundo maior sonho da diretoria (a quitação das dívidas trabalhistas, em processo de realização, era o primeiro). “[A negociação] já vem acontecendo há algum tempo, mas esta foi a primeira proposta formal. Já estamos namorando o Ceten há um ano. Quando estávamos na Série A já tínhamos um acordo, mas como não ficamos, não pudemos honrá-lo. Agora, fizemos todo um planejamento”, revela Medina, que frisa: “[Se a proposta for aceita], será mais do que subir para a Série A. Estaremos entre os maiores clube do Nordeste, em termos de estrutura para as categorias de base”.
Investimento próprio
O Ceará quer comprar o Ceten de forma parcelada. O investimento é do próprio clube, que já chegou a pagar R$ 400 mil mensais em causas trabalhistas e equacionou a dívida para parcelas de apenas R$ 12 mil, ínfimas para um clube de futebol. Agora, além da resposta do Ceten, a diretoria executiva alvinegra precisa do aval do Conselho Deliberativo, com quem se reúne na próxima segunda-feira. A aprovação do Conselho é necessária porque a diretoria tem gestão somente até outubro e as parcelas ultrapassam este prazo. Já quanto à resposta dos proprietários, Medina diz que o Ceará não pediu prazo “porque eles se mostraram bastante interessados”. A diretoria ainda não discutiu como irá utilizar o eventual novo CT, mas a prioridade, neste momento, é a base. Atualmente, o clube conta com cerca de 120 jogadores nas quatro categorias (sub-13, sub-15, sub-17 e sub-20). O time profissional, no entanto, deve fazer de Itaitinga a sua segunda casa. “Lá é enorme. Tem quatro, cinco campos, alojamento, piscina… Além disso, hoje a gente concentra em Porangabussu, o que não nos dá muita tranquilidade porque é uma região muito habitada. E se quisermos fazer uma pré-temporada com 15 dias isolados, lá é perfeito”, ressalta o diretor alvinegro. Por enquanto, não passa pelos planos da diretoria mudar-se completamente para o Ceten, mas a migração – que marcaria a história do Ceará – pode acontecer quando a ideia do Vovozão sair do papel. O Estado tentou contatar o proprietário do Ceten, mas não foi atendido.