O Jornal Nacional obteve fotos exclusivas da cela onde estão o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, e a mulher dele, a ex-primeira dama Adriana Ancelmo. Os dois são presos desde novembro sob suspeita de participar de esquema de corrupção envolvendo obras públicas. Eles vão responder por lavagem de dinheiro e organização criminosa, entre outras acusações.
Cento e cinquenta metros separam o casal dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio.
Algumas das fotos mostram a cela de Cabral, com 16 metros quadrados. Ele dorme na cama de baixo de uma beliche, onde estão um livro – a biografia de Winston Churchill, ex-primeiro-ministro do Reino Unido –, os óculos embaixo do travesseiro e um relógio pendurado. Embaixo da cama, um par de tênis e garrafas de água mineral.
Em outra imagem, dá para ver que a porta da cela e a janela são cobertas com tela verde para proteção contra insetos. Dá para ver uma televisão pequena e cinco ventiladores: dois na parede e três no chão.
No banheiro, uma parede separa dois vasos sanitários. Atrás da cortina, está o chuveiro de água fria. Os presos usam baldes para lavar o banheiro.
A comida é a mesma pra todo mundo – uma quentinha com arroz ou macarrão, feijão, carne ou ovo.
Sérgio Cabral passa a maior parte do tempo lendo. Na biblioteca, há ar-condicionado.
Adriana Ancelmo está sozinha em uma cela de seis metros quadrados, onde há livros, uma bíblia, dois terços pendurados, um ventilador, pão de forma, adoçante e o controle remoto da televisão.
No banheiro, o sanitário é um buraco no chão. Baldes têm roupas de molho. Garrafas de água são usadas para faxina, que ela mesma faz.
Segundo a Secretaria de Admnistração Penitenciária (Seap), quando os presos são de uma mesma família, eles podem se visitar. O ex-governador e a ex-primeira dama se cadastraram e passaram por um processo de autorização. Eles se encontram toda quarta-feira no pátio do pavilhão onde está Cabral. É ela quem vai até ele. O encontro vai das 9h até as 16h.
Calicute
Cabral foi um dos presos da operação Calicute, um desdobramento da Lava Jato. De acordo com o Ministério Público Federal, o ex-governador do Rio era o cabeça do esquema de corrupção e pagamento de propina, que envolvia obras da Andrade Gutierrez.
O grupo de Sergio Cabral teria desviado cerca de R$ 224 milhões, a partir dos contratos das obras do Maracanã e do Arco Metropolitano.
Cabral teria recebido mais de R$ 7 milhões em propina. De acordo com o MPF, foram realizados 20 pagamentos mensais em espécie entre 2007 e 2011 e uma doação eleitoral de R$ 2 milhões em 2010, vinculados aos serviços prestados pela Andrade Gutierrez ao governo do estado.
O ex-governador, diz ainda a denúncia, cobrava uma taxa de 5% sobre os valores das obras do governo feitas pela Andrade Gutierrez., além de outra taxa, de 1%, para o então secretário estadual de Obras, Hudson Braga – a chamada de ‘taxa de oxigênio’.
Cabral está preso no complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu.
Eike Baptista
Na semana passada, Cabral foi alvo de nova operação do MPF e da Polícia Federal, chamada de Eficiência, também desdobramento da Lava Jato. Outro alvo foi o empresário Eike Batista, que teve a prisão decretadamas, até este domingo, estava foragido. Na terça-feira, o Jornal Nacional também exibiu imagens exclusivas da cela do empresário.
Eike é acusado de pagar propina para conseguir facilidades em contratos com o governo do Rio de Janeiro, quando o governador era Sérgio Cabral. A PF investiga crimes de lavagem de dinheiro consistente na ocultação no exterior de aproximadamente U$ 100 milhões (cerca de R$ 340 milhões). Também são investigados os crimes de corrupção ativa e corrupção passiva, além de organização criminosa.
G1