Temendo serem vaiados e tentando proteger suas imagens, políticos e cartolas empurraram uns para os outros a tarefa de aparecer entregando o troféu de campeão ao Brasil. O mal-estar entre Fifa, Governo Federal e Confederação Brasileira de Futebol (CBF) diante do público que fazia a festa se contrastava com a elegância da sala VIP do Maracanã, enquanto bombas explodiam fora do estádio. A síntese da crise foi o debate que por horas se travou sobre quem entregaria a taça ao campeão. Ninguém queria ser vaiado. A presidente Dilma Rousseff não foi ao Rio, temendo outra vaia como ocorreu no jogo de abertura da competição. Durante o dia, falou-se que o vice-presidente Michel Temer poderia ir ao estádio, o que também não ocorreu. A irritação entre os membros da Fifa era clara. O Governo Federal foi representado apenas pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que ficou distante da CBF e da Fifa. Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal, também estava na lista de convidados da entidade. Horas antes, em Salvador, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, e o governador da Bahia, Jacques Wagner, foram vaiados na Arena Fonte Nova, onde aconteceu a disputa do terceiro lugar. E no Maracanã, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e o presidente da CBF, José Maria Marin, também foram vaiados em uma rápida aparição no telão. Na CBF, ninguém também queria passar pelo constrangimento de entregar a taça. Blatter havia ficado chateado com a vaia no primeiro jogo e também não queria a tarefa de entregar o troféu. O governador do Rio, Sérgio Cabral, e o prefeito da cidade, Eduardo Paes, foram outros que evitaram a taça. A alternativa encontrada pela Fifa foi utilizar o próprio Blatter e o ministro Aldo Rebelo para entregarem, juntos, o troféu para o zagueiro e capitão Thiago Silva. Se na arquibancada o clima era de festa em grande parte do jogo e euforia diante de gritos de “olé”, não faltou ainda um ato ousado de manifestantes que se passaram por dançarinos na coreografia da cerimônia de encerramento para protestar em pleno campo contra a privatização do estádio. Uma delas levou um cartaz feito de pano e abriu diante das câmeras de todo o mundo no meio do Maracanã. Elas foram rapidamente abafadas e retiradas do local, enquanto gritavam. A Fifa emitiu uma nota dizendo que respeitava o direito de manifestar, mas que pedira para que os voluntários se retirassem como “respeito aos espectadores”. (da Agência Estado)