O médico e prefeito afastado de Uruburetama, José Hilson de Paiva, não foi ouvido nesta quarta-feira pela Justiça. Ele prestará depoimento depois que todas as testemunhas foram ouvidas.
Uma das testemunhas de acusação do médico e prefeito afastado de Uruburetama, no Ceará, acusado de estuprar pacientes afirmou que demorou para acreditar na filha, vítima dos atos. A mãe da assediada esteve hoje na primeira audiência de instrução e julgamento, realizada contra José Hilson Paiva no Fórum de Uruburetama, a 110 km de Fortaleza.
“Minha filha foi vítima e eu não acreditei, ainda passei anos e anos votando nele. Eu não acreditei porque, naquela época, não tinha Justiça como tem hoje, não tinha nada. A gente era muito fraquinho pra quem tem um poder tão grande. Mas agora, que a gente tá vendo tudo à tona… a pessoa que faz o que ele fez não é normal”, disse a mãe da vítima, que tinha 16 anos na época do crime.
Além dela, que depôs representando a filha, outra vítima do médico foi ouvida, bem como mais três mulheres que também foram assediadas. Estas falaram como testemunhas, já que seus casos prescreveram e não podem mais gerar julgamento. Por parte da defesa do ex-prefeito, quatro mulheres deram seus depoimentos.
O Ministério Público denunciou José Hilson por violência sexual mediante fraude, cometidos contra pacientes na época em que trabalhava como médico tanto do município citado, como em Cruz. José Hilson encontra-se preso na Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes, em Aquiraz.
Relato
Uma das vítimas do médico contou ao G1 detalhes sobre a maneira como José Hilson a assediou, chegando a mostrar “fotos pornográficas” durante a consulta. “Foram coisas que nenhum ginecologista fez antes, aí eu notei que estava tudo errado nesse encontro. E foi onde eu fui filmada, aí que eu fiquei mais arrasada, porque o vídeo que eu me vi… Fiquei chorando, fiquei com problema psicológico mais acirrado, mais forte”, relatou. A assediada sofreu estupro durante uma consulta há cerca de 10 anos.
Testemunhas de defesa
Outras quatro mulheres foram ouvidas como testemunhas de defesa do ex-prefeito de Uruburetama. José Hilson Paiva só será ouvido após todas as testemunhas de defesa e acusação prestarem depoimento à Justiça.
Cinco mulheres, uma de Itapipoca e outras quatro de Fortaleza, ainda vão ser ouvidas pela Justiça. A Comarca de Uruburetama aguarda a resposta das 5 cartas precatórias enviadas às testemunhas de defesa
O caso
A denúncia contra José Hilson foi apresentada no dia 6 de agosto pela Promotoria de Justiça de Uruburetama por causa de condutas criminosas que feriram a dignidade sexual de, até o momento, duas vítimas naquele município.
Além disso, outra denúncia no mesmo teor contra Hilson de Paiva foi apresentada pela Promotoria de Cruz em 2 de agosto; e uma terceira foi protocolada em Uruburetama no dia 3 de outubro contra o médico e sua sobrinha.
Após veiculação de reportagens em rede nacional sobre as condutas, outras vítimas compareceram às comarcas de Uruburetama e Cruz para realizar as denúncias.
Por G1 CE