Um problema no motor da embarcação deixou os seis pescadores à deriva, afirma comandante do pesqueiro
O comandante da embarcação “Isan Maru III”, Mailson Delfino Ferreira, de 31 anos, encontrada na última segunda-feira (23) à deriva no Pará, afirmou que um problema no motor do barco causou o desaparecimento da tripulação e que navios e embarcações passaram pela tripulação à deriva, mas não a socorreram. A equipe, composta por seis pescadores cearenses, sendo quatro deles de uma mesma família, do município de Camocim, voltou para Fortaleza na tarde dessa quarta-feira (25).
De acordo com Mailson Delfino, que havia conseguido se comunicar pela última vez no dia 15 deste mês, a falha de uma peça ligada ao motor do barco pesqueiro ocasionou a deriva. “Deu pane, o motor bateu. Faltou bateria, não conseguimos acionar a Marinha e fomos parar em Bragança”, descreve.
Apesar do incidente, o comandante afirmou que não houve problemas maiores durante os oito dias nos quais os pescadores ficaram ilhados em alto-mar. Para ele, o que causou indignação para a tripulação foi a indiferença de outras embarcações que teriam visto a equipe à deriva e não prestaram ajuda.
“Graças a Deus, estava tudo bem. Estávamos todos orando, rezando e mantendo a calma. Mas o que nos deixou indignados foi o fato de navios e embarcações passarem por nós e nos negar socorro. Porque eles sabiam que estávamos precisando de ajuda, eles viram nossa sinalização, já que colocamos fogo em cinco pneus e também queimamos quase todas as nossas roupas para chamar a atenção deles”, relata.
Os tripulantes, encontrados no município de Bragança, foram socorridos, segundo Mailson, por uma lancha que navegava pela região. “Graças a Deus teve essa lanchinha que chegou até nós, mas eu pensei que ela não ia conseguir rebocar, porque ela é tão pequena e o barco é tão grande, mas Deus é maravilhoso e, pela oração da nossa família, ela conseguiu nos levar para terra, até o Porto de Bragança”, afirmou.
Emocionado, Mailson relatou que o maior presente que poderia ter recebido neste Natal foi a volta para casa. “Eu só tenho a agradecer a Deus e a toda a minha família que oraram por nós. Não há presente maior do que isso, porque lá no mar, a gente está perdido, somos uma agulha em um palheiro e eu achava que nós não iríamos ser encontrados”, finalizou.
Diário do Nordeste