PF realiza operação contra desvio de recursos em 20 municípios

Em uma operação que ocorreu simultaneamente em 20 municípios cearenses, a Polícia Federal executou ontem mais de 62 mandados de busca e apreensão para desarticular uma quadrilha supostamente envolvida em fraudes de licitações. De acordo com as investigações, o grupo formado por cerca de 50 pessoas desviava recursos que a União repassava aos municípios. Os repasses, no período investigado, somariam R$ 48 milhões. O principal órgão investigado até o momento é o Departamento Nacional de Obras Contras as Secas (Dnocs), sediado em Fortaleza.   A operação, batizada de “Cactus”, foi feita em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU) e ocorreu também em Brasília (DF), Aparecida de Goiânia (GO) e Natal (RN). Os mandados foram expedidos pela 11ª Vara da Justiça Federal, em Fortaleza. Em todos os municípios, foram apreendidos documentos e equipamentos. As investigações foram iniciadas há cerca de dois anos e as averiguações se concentram em convênios e licitações firmados entre 2008 e 2013.

De acordo com os investigadores, o grupo supostamente envolvido nas irregularidades tinha forte poder na decisão sobre a aplicação dos recursos. “É um grupo organizado, que monta processos licitatórios e faz a intermediação entre o recurso e as prefeituras. Ele tanto escolhe a empresa que vai ganhar, como a prefeitura que vai ser beneficiada pelo recurso”, explica a chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros e Desvio de Recursos Públicos (Delefin), Cláudia Braga Leitão. Segundo ela, as irregularidades foram identificadas principalmente nas empresas que participaram dos processos. Algumas nem sequer existem na prática – as chamadas “empresas fantasmas”. Há casos de empresas que se repetiam no mesmo processo. Outras que eram comandadas por falsos sócios, os “laranjas”. E há também casos em que a empresa que venceu a licitação não é a mesma que executou a obra. Como o processo corre em segredo de justiça, os nomes dos supostos envolvidos não foram revelados. Os indícios apontam para os crimes de fraude em licitação, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, falsidade de documentos e tráfico de influência.   Os recursos federais envolvidos são oriundos de vários ministérios, principalmente o da Integração, o do Turismo e o da Saúde. “São principalmente obras de combate à seca, como açudes, e algumas da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), que são obras pequenas de abastecimento de água”, afirma o membro da CGU, Israel Carvalho.

 E agora  ENTENDA A NOTÍCIA 

A investigação conjunta entre PF e CGU continua. O objetivo a partir de agora, segundo os investigadores, é delimitar o que de fato foi desviado e o papel dos envolvidos na organização. Para isso, serão feitas análises nos documentos apreendidos e visitas de campo nas obras sob suspeita.

http://www.opovo.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *