Com ataques à administração da presidente Dilma Rousseff e ao modelo petista de governar, o senador Aécio Neves (MG) assumiu sábado em convenção em Brasília, a presidência nacional do PSDB. A união retórica e o calor dos discursos, porém, não encobriram sinais de tensões internas com a consolidação do mineiro como pré-candidato ao Planalto em 2014. Ao lado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do ex-governador José Serra, Aécio atacou as fragilidades do governo, como a falta de infraestrutura, a volta da inflação e o “crescimento pífio”. FHC usou mote semelhante e também disse que “o PSDB tem que ser muito próximo do povo”. Aclamado pela militância como “futuro presidente da República”, Aécio disse buscar inspiração nos legados de seu avô, Tancredo Neves, e de tucanos como Mário Covas, Franco Montoro e FHC no momento em que se completam 20 anos do Plano Real, “a maior transformação da história recente do País”. O senador enfatizou que o momento era apropriado para o reencontro com a história do partido, de lembrar os êxitos e de reconhecer os equívocos. “Erramos por não ter defendido, juntos, todo o partido, com vigor e a convicção devidos, a grande obra realizada pelo PSDB, que representa a base do Brasil moderno”, disse. Aécio afirmou que, se o partido tivesse defendido o legado de FHC, não haveria “apropriação” por parte do PT.
Tensão
Os discursos dos tucanos não encobriram os sinais não tão sutis de tensão com a escolha de Aécio para presidir a legenda e com a consolidação do mineiro como pré-candidato do partido ao Planalto. O ensaio da festa previa a chegada dos paulistas FHC, Alckmin e Serra em companhia do mineiro, para simbolizar a união partidária. Na quinta-feira, 16, o governador disse que o trio embarcaria para Brasília. Na capital, fariam uma reunião com Aécio para daí aportarem no Centro de Convenções da capital. O ex-governador paulista, no entanto, preferiu viajar sozinho e se destacou do grupo. Chegou à convenção separado, dez minutos depois do mineiro, saudado pela militância com gritos protocolares de “Serra é PSDB”. O ex-governador se mostrou reticente no apoio declarado ao mineiro para o Planalto. Em discurso, nem sequer tangenciou as aspirações do mineiro ao Planalto, embora tenha desejado “sorte ao Aécio na presidência do PSDB”. “Nas grandes decisões que tomei na vida pública, nunca coloquei e não porei as paixões à frente da razão”, discursou Serra. “Com os olhos em 2014 e no futuro do Brasil, continuarei a atuar em favor da unidade das oposições”. (das Agências de notícias)