PF mira cúpula do PMDB e realiza buscas no Ceará

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15 DE DEZEMBRO DE 2015 - APREEN  - Nacional - 16na1520  -  CID BARBOSA

São Paulo/ Rio de Janeiro. Uma nova etapa da Operação Lava-Jato promoveu busca e apreensão na residência oficial do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), para entre outras coisas descobrir se ele usou cargo para barrar investigações -o que pode ensejar um pedido de prisão. No Ceará, endereços dos peemedebistas Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, e o deputado federal Aníbal Gomes também foram alvos da ação.

 

Denúncia contra Aníbal é rejeitada

 

No total, foram vasculhados 53 endereços em sete Estados e no Distrito Federal. Os mandados, expedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Teori Zavascki, foram cumpridos no DF (9), bem como nos estados de São Paulo (15), Rio de Janeiro (14), Pará (6), Pernambuco (4), Alagoas (2), Ceará (2) e Rio Grande do Norte (1).

 

O PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer, foi o principal alvo da nova etapa de investigação deflagrada ontem, que também atingiu dois ministros, um senador e aliados de Temer (SP) e do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).

 

A principal preocupação do governo Dilma Rousseff é com a imprevisibilidade da reação do PMDB, que faz hoje reunião de sua Executiva. Foram atingidos pela operação adversários e parceiros do Planalto na luta para evitar a abertura do processo de impeachment da presidente.

 

Os olhos se voltam principalmente para Renan Calheiros, que vinha sendo considerado um anteparo no Senado às iniciativas de Cunha contra Dilma. Ele já é investigado na Lava-Jato, como o deputado, e ficou irritado com a ação.

 

Hoje, o Supremo analisa ação que questiona se Cunha poderia ter aceito a análise do pedido de impedimento de Dilma e discutirá o rito para eventual processo.

 

A Operação Catilinárias investiga políticos com foro privilegiado no STF e foi autorizada pelo ministro relator Zavascki. O procurador-geral, Rodrigo Janot, também havia pedido busca e apreensão na casa de Renan, mas o ministro do STF negou a autorização.

 

Senado

 

Embora o senador não tenha sido um alvo direto da operação, já que o STF negou as buscas na casa do alagoano em Brasília, aliados do político sofreram buscas e apreensões.

 

São os casos do deputado Aníbal Gomes e do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, ex-senador indicado pelo PMDB para o cargo.

 

Foi alvo ainda o diretório estadual do PMDB no Estado de Alagoas, controlado por Renan, e um imóvel de José Wanderley Neto (PMDB), ex-vice-governador de Alagoas.

 

A Polícia Federal esteve na sede do Estaleiro Rio Tietê, em Araçatuba (SP), empresa contratada pela Transpetro na gestão de Machado em 2010 por US$ 239 milhões para a construção de comboios de barcaças voltadas para transporte de etanol na hidrovia Tietê-Paraná.

 

Novo inquérito

 

A operação diz respeito a um novo inquérito no STF, sob segredo de Justiça, no qual Cunha e seus aliados são investigados por suposto uso do cargo para atrapalhar investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras e também para benefício próprio, como venda de emendas em projetos no Congresso.

 

Cunha é foco de outros dois inquéritos no tribunal, num dos quais já foi denunciado pela PGR por corrupção. A reportagem apurou que um dos objetivos da operação foi reunir elementos que possam reforçar eventual justificativa para afastar Cunha do comando da Câmara. Por isso, o foco em aparelhos eletrônicos usados por ele. Três celulares foram apreendidos.

 

A expectativa dos investigadores é que possam ser encontradas mensagens que indiquem obstrução do processo de cassação no Conselho de Ética ou da Lava-Jato.

 

Parte dos mandados de busca e apreensão se refere a este inquérito sobre Cunha, como no caso dos ministros Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), do Turismo, e Celso Pansera (PMDB-RJ), de Ciência e Tecnologia. Pansera foi acusado pelo doleiro Alberto Youssef, um dos delatores da Lava Jato, de ser “pau mandado” de Cunha e agir na CPI da Petrobras para intimidar sua família.

 

As buscas estão relacionadas a sete investigações que tramitam no STF sobre suspeitas e episódios diversos já apontados na Operação Lava- Jato.

 

O Palácio do Planalto se manifestou sobre a operação da PF em casas de autoridades e disse que espera que os fatos investigados sejam “esclarecidos o mais breve possível”.

 

Fique por dentro

 

Ação tem nome inspirado em Roma A Polícia Federal deflagrou a Operação Catilinárias, em conjunto com o Ministério Público Federal. A nova fase da foi denominada de Operação Catilinárias, em referência a quatro discursos proferidos pelo cônsul romano Marco Túlio Cícero (106 a.C. – 43 a.C.) contra o senador Lúcio Catilina, acusado de tentar dissolver o Senado e tomar o poder em Roma. As Catilinárias de Cícero representam um dos mais importantes discursos de Marco Túlio Cícero. A frase que abre o discurso é “Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência?

 

Informações DN

 

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