Quando os médicos precisam de ajuda

O Brasil tem cerca de 400 mil médicos. O número pode chegar a 15 mil profissionais somente no Ceará, de acordo com a Federação Nacional dos Médicos (Fenam). Para o psiquiatra cearense João Batista Alves Lins, mais da metade de toda a categoria atuante está doente. “Baixa remuneração, volume excessivo de trabalho, não reconhecimento social”, são algumas das causas apontadas pelo médico, que é psicoterapeuta cognitivo e especialista em medicina da família.

Já em 2007, a publicação “A saúde dos médicos no Brasil”, do Conselho Federal de Medicina (CFM), alertava para o problema. Ela revelou que “um em cada cinco médicos tem vivenciado um esgotamento ou estafa resultante do exercício da profissão”, mensurando em 57% a porcentagem de profissionais que manifestaram “grau preocupante” da Síndrome de Burnout. A síndrome se caracteriza como sendo um distúrbio psíquico de caráter depressivo, advindo de intensa exaustão física e mental.

Um estudo recém finalizado na Faculdade de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (Uece) traz a constatação de que esse problema tem seu início ainda entre os acadêmicos. A pesquisa “Saúde mental do estudante de Medicina: como estão (de)formando o futuro médico?”, tema da monografia do então estudante João Brainer, orientada pela médico psiquiatra Jackson Sampaio, mostra que 75% dos estudantes precisam de ajuda e não procuram.

E o professor Jackson, doutor em Medicina Social, atual reitor da Uece, explica além. A taxa de suicídios entre os estudantes de Medicina chega a ser sete vezes superior à da população geral. “A taxa de suicídios por 100 mil alunos de Medicina, considerando os dados da pesquisa, oscilou de 21 a 100 casos. No contexto da população geral da época (2009 a 2013), nos Estados Unidos, a taxa de suicídio variou de 8,5 a 13,8 casos para cada 100 mil habitantes, o que torna a taxa nos estudantes de Medicina da investigação quase sete vezes superior a da população geral”.

O Ciência & Saúde desta semana investiga as causas de tantos problemas que têm deixado médicos doentes, principalmente, as que já acometem os estudantes de Medicina.

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