Ex-deputado e ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, Raul Jungmann afirmou que a fusão do PPS com o PMN é uma “rasteira no governo”. ”Demos uma rasteira na tentativa deles de nos dar uma rasteira”, afirmou o atual vereador pelo PPS do Recife. Jungmann se referia à manobra do governo na semana passada que tentou aprovar a urgência do projeto que limita direitos dos novos partidos, com a restrição do acesso a recursos do Fundo Partidário e do tempo de TV no horário eleitoral gratuito. A fusão entre os dois partidos foi antecipada para evitar os efeitos de uma eventual aprovação do projeto de lei em questão.
No sábado passado, o diretório nacional do PPS aprovou a fusão com o PMN, que deve ocorrer na quarta-feira. A expectativa é que na quinta-feira seja dada a entrada dos documentos na Justiça Eleitoral. A nova legenda deverá se chamar Mobilização Democrática, Mobilização Democrática e Popular ou Esquerda Democrática. De acordo com a legislação eleitoral, a regra da fidelidade partidária não é aplicada quando se trata de fusão entre partidos. Portanto, o projeto PPS-PMN abriria uma janela para os parlamentares insatisfeitos em suas legendas. A bancada do novo partido contará com 13 deputados. Mas os deputados envolvidos na fusão são otimistas. Acham que o bloco dos insatisfeitos poderá engrossar a bancada em, pelo menos, mais doze deputados.
A criação da nova sigla também é bem recebida por quem quer fortalecer o poder da oposição na eleição de 2014, afinal o novo partido poderá servir de linha auxiliar a candidaturas adversárias à da presidente Dilma Rousseff. É o caso do presidenciável Eduardo Campos (PSB), que ofereceu ajuda ao presidente do PPS, Roberto Freire. E também do governador Geraldo Alckmin, que busca parceiros fora da órbita do PT para o seu projeto de reeleição em São Paulo.
Sobre a eventual ida de José Serra (PSDB) para a nova legenda, um dos envolvidos na negociação diz: “Quem é que sabe o que Serra quer? Numa hora, parece que sairá do PSDB. Depois, parece que ficará por lá mesmo”.
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